O resultado da Ultrapar (UGPA3) poderia ter sido pior sem a ajuda da Ultragaz, revela relatório da Ágora enviado a clientes nesta quinta-feira (13).
Na noite na última quarta-feira (12), a companhia divulgou um lucro líquido de R$ 50 milhões, número 59% menor que a do mesmo período do ano passado e 70% inferior a do primeiro trimestre.
As perdas foram puxadas, principalmente, pela rede de postos Ipiranga. Com a restrição provocada pela pandemia coronavírus, a bandeira viu suas vendas caírem 18% em relação a 2020 e 16% em comparação ao primeiro trimestre.
“O maior impacto foi na Ipiranga, com Ebitda de R$ 179 milhões (R$ 39/m³), versus estimativa de R$ 279 milhões. As margens também foram afetadas por perdas de estoque”, afirmaram os analistas Victor Mizusaki e Luiza Mussi.
Para o BTG Pactual, os volumes mais baixos da Ipiranga vieram dentro do esperado, mas o Ebitda, que mede o resultado operacional, de R$ 165 milhões ficou 52% abaixo do previsto pelo banco. Segundo Thiago Duarte e Pedro Soares, que assinam o relatório do BTG, a queda dos preços dos combustíveis no início da pandemia impactou o resultado.
“O fato de que as importações ainda eram uma parte relevante da empresa em abril pode ter contribuído para isso. Como resultado, as perdas de estoque levaram a um margem Ebitda de R$ 36/m3 (-61% a / a, a menor em uma década)”, pontuaram.
Números fracos
Segundo a XP Investimentos, os números da Ultrapar foram fracos. O lucro de R$ 41,1 milhões veio significativamente abaixo da estimativa de R$ 143,1 milhões da corretora. O Ebitda também decepcionou, ficando 11,6% abaixo do consenso da XP e 12,5% abaixo do consenso do mercado.
“Observamos que nossos cálculos de Ebitda ajustado expurgam os seguintes impactos: uma despesa de R$ 43,1 milhões relacionada a hedges e um ganho não recorrente de R$ 12 milhões na Ultracargo referente a créditos fiscais”, afirmou o analista Gabriel Francisco.
Nem tudo está perdido
Apesar do desempenho, os analistas destacaram os bons números da Ultragaz, com um Ebitda reportado de R$ 206 milhões, versus estimativa de R$ 166 milhões da Ágora.
A corretora também pontou o aumento sólido na demanda por gás envasado (muito utilizado no uso residencial) e a redução de custos.
Já para o BTG, a Ultragaz continuou se beneficiando de maiores volumes no segmento residencial, ajudando o Ebitda a crescer 69% no ano, com margem recorde.
“A Oxiteno e a Extrafarma também nos surpreendeu positivamente. O primeiro se beneficiou de uma combinação de BRL mais fraco, preços de eteno mais baixos e melhor mix de vendas, enquanto o foco da rede de farmácias em lojas mais lucrativas continua gerando melhores margens”, afirmou o BTG.