Os preços do petróleo subiram 3% nesta quarta-feira (27), registrando o maior valor de fechamento de 2023, depois que os estoques do óleo bruto dos EUA caíram mais do que o esperado, aumentando as preocupações com a escassez de oferta em meio aos cortes de produção da Opep+.
Os contratos futuros do petróleo Brent, principal referência internacional, fecharam a US$ 96,55 por barril, com alta de US$ 2,59, ou 2,8%, após superarem US$ 97.
Os futuros do petróleo West Texas Intermediate dos EUA (WTI) subiam US$ 3,29, ou 3,6%, para US$ 93,68. A máxima da sessão foi acima de US$ 94.
Os estoques de petróleo bruto dos EUA caíram em 2,2 milhões de barris na semana passada, para 416,3 milhões de barris, mostraram dados do governo, em comparação com as expectativas dos analistas em uma pesquisa da Reuters de uma queda de 320 mil barris.
Os estoques de petróleo bruto no centro de entrega de Cushing, Oklahoma, caíram 943 mil barris na última semana, mostraram os dados.
“A grande notícia foi o armazenamento em Cushing. E isso está causando a elevação de todo o complexo. A maior preocupação dos comerciantes é que Cushing esteja se aproximando de mínimas operacionais de vários meses. Isso é uma força de alta para os preços do petróleo”, disse Dennis Kissler, vice-presidente sênior de negociações da BOK Financial.
Os estoques em Cushing têm se aproximado de níveis historicamente baixos devido à forte demanda por refino e exportação.
A redução dos estoques de petróleo dos EUA ocorre no momento em que a Arábia Saudita e a Rússia —como parte da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados, conhecidos como Opep+— estenderam os cortes voluntários de produção de 1,3 milhão de barris por dia até o final do ano, preocupando os mercados quanto à escassez de oferta no inverno no Hemisfério Norte.
“Até que seja tomada uma decisão para aumentar a produção, o mercado global de energia continuará apertado”, disse Ole Hansen, diretor de Estratégia de Produtos de Base do Saxo Bank.
A disparada dos preços do barril no mercado internacional nesta quarta elevou a defasagem dos valores dos combustíveis vendidos pela Petrobras no Brasil ante os praticados no exterior, ampliando pressão para um novo reajuste nas refinarias da petroleira estatal, disseram analistas.
O cenário ocorre em momento em que já havia uma avaliação de que a companhia precisaria reajustar o diesel em breve, uma vez que a Rússia —atualmente a principal fornecedora externa do combustível ao Brasil— decidiu restringir as exportações do produto, que vinha chegando ao país com preços mais baixos do que o praticado por outros fornecedores mais tradicionais.
“Como a nova política [de preços da Petrobras] não segue o PPI [preço de paridade de importação], fica sempre difícil analisar quando pode ter o aumento. Mas, sem dúvida, pressiona a companhia”, disse à Reuters o diretor do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), Pedro Rodrigues.