O consumo de petróleo pode nunca retornar aos níveis observados antes da crise de coronavírus, disse a companhia em relatório nesta segunda.
A BP disse que o período de crescimento constante da demanda por petróleo acabou, tornando-se a primeira grande petroleira a declarar o fim de uma era que, para muitos, duraria outra década ou mais.
O consumo de petróleo pode nunca retornar aos níveis observados antes da crise de coronavírus, disse a BP em relatório na segunda-feira. Mesmo seu cenário mais otimista não vê a demanda melhor do que “amplamente estável” nas próximas duas décadas, já que a transição energética reduz o uso global de combustíveis fósseis.
A BP se afasta da ortodoxia. De presidentes de gigantes de energia a ministros de estados da Opep, figuras importantes do setor insistem que o consumo de petróleo ainda crescerá por décadas. Repetidamente, esses líderes descreveram o petróleo como a única commodity que pode satisfazer as demandas de uma população global crescente e da classe média em expansão.
Mas a gigante do Reino Unido descreve um futuro diferente, onde a supremacia do petróleo é desafiada e, por fim, desaparece. Isso explica por que a BP deu os passos mais ousados até agora entre os pares para alinhar seus negócios com os objetivos do acordo climático de Paris. Apenas seis meses após assumir o cargo, o CEO Bernard Looney disse em agosto que reduziria a produção de petróleo e gás em 40% na próxima década e gastaria US$ 5 bilhões por ano para construir uma das maiores empresas de energia renovável.
O executivo suspeita que o uso de petróleo já pode ter atingido o pico como resultado da pandemia, políticas governamentais mais rígidas e mudanças no comportamento do consumidor. As projeções para o setor de energia da BP mostram que o consumo cairá 50% até 2050 em um cenário e quase 80% em outro. Em uma situação de negócios normal, a demanda se recuperaria, mas se estabilizaria perto de 100 milhões de barris por dia nos próximos 20 anos.
A BP não é a única grande petroleira que adapta seus negócios à transição energética. A Royal Dutch Shell, Total e outras na Europa anunciaram transições semelhantes em direção a operações mais limpas, à medida que clientes, governos e investidores pedem cada vez mais mudanças.