No ano em que alterou sua política de preços, a Petrobras produziu mais combustíveis e teve menor participação nas importações nacionais, confirmando a estratégia de priorizar a venda de produtos de suas refinarias.
A produção interna da estatal cresceu 1,7% em 2023, com destaque para diesel e gasolina. Já as importações feitas pela empresa caíram 18%, puxadas principalmente pelo corte quase à metade das compras de diesel, mercado invadido em 2023 por produto russo.
Segundo relatório publicado nesta quinta-feira (8), a produção de combustíveis pela estatal atingiu 1,77 milhão de barris por dia em 2023, contra 1,74 milhão do ano anterior. A empresa diz que esse movimento “permitiu atender o mercado com os derivados produzidos no Brasil, reduzindo as importações”.
A produção de diesel cresceu 3,5% para 715 mil barris por dia. A de gasolina teve alta de 3,9%, para 403 mil barris por dia. No ano, a Petrobras operou suas refinarias a 92% de sua capacidade, aumento de quatro pontos percentuais em relação ao ano anterior.
O uso mais intensivo das refinarias nacionais é uma das premissas da política comercial estabelecida em maio pela companhia, que deixou de seguir exclusivamente a paridade internacional de preços e passou a considerar custos de produção interna.
Nessa nova política, a Petrobras praticou preços inferiores à paridade de importação, sem se descolar demais do mercado internacional, segundo estudo feito a pedido da Folha pelo Ineep (Instituto de Estudos Estratégicos em Petróleo, Gás e Biocombustíveis).
Nas primeiras 28 semanas, o preço médio de venda da gasolina da estatal equivaleu, em média, a 97% da paridade calculada pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis). Já o preço médio do diesel foi equivalente a 92% da paridade.
A implantação da nova política comercial foi facilitada pela queda das cotações internacionais do petróleo durante o ano, que permitiram a redução do preço nas refinarias sem perdas na margem de lucro da estatal.
As vendas de combustíveis pela Petrobras, porém, tiveram sinais diferentes. Com vantagem de preços sobre o etanol durante boa parte do ano, a gasolina registrou alta de 2,7%. O diesel, por outro lado, sentiu impactos do aumento da mistura de biodiesel em abril e recuou 1,2%.
O etanol começou a recuperar mercado da gasolina no último trimestre e o mercado espera que o cenário se mantenha diante da atual vantagem de preços sobre o derivado do petróleo.
No início de fevereiro, os preços da gasolina, do diesel e do botijão de gás ficaram mais caros com o início da vigência de novas alíquotas do ICMS aprovadas pelos governos estaduais em outubro.
O ICMS da gasolina subiu R$ 0,15, para R$ 1,37 por litro. No diesel, a alta foi de R$ 0,12, para R$ 1,06 por litro. Já a alíquota do gás de cozinha foi definida em R$ 1,41 por quilo, aumento de R$ 0,16 em relação ao vigente até janeiro.
Neste momento, a estatal não tem margem para reduzir seus preços, já que a recuperação das cotações internacionais do petróleo gera defasagem em relação ao mercado internacional.
A maior diferença está no diesel, que é vendido pelas refinarias da estatal com desconto de R$ 0,48 por litro em relação à paridade de importação calculada pela Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Petróleo). Na gasolina, a defasagem é de R$ 0,11 por litro.
A produção de petróleo e gás da Petrobras cresceu 3,7% em 2023, para 2,78 milhões de barris de óleo equivalente, resultado principalmente do início da operação de três novas plataformas no pré-sal e da elevação da produção de outras duas unidades.