Recém privatizada, empresa planeja usinas híbridas com geração solar flutuante em reservatórios
“O combustível da próxima década muito provavelmente será o hidrogênio. E o hidrogênio que mais será valorizado no mundo é o verde”, declarou nesta terça (25/10) Wilson Ferreira Júnior, presidente da Eletrobras.
Durante um evento sobre fretes verdes nesta manhã, o executivo disse que a matriz elétrica predominantemente renovável do Brasil coloca o país em posição de vantagem para produção do combustível a partir da eletrólise.
O hidrogênio verde é produzido a partir de um processo que usa água e eletricidade renovável para separar a molécula de H2.
A matriz elétrica brasileira hoje tem cerca de 186 GW, dos quais 155,6 GW, ou 83%, vem de fontes renováveis – hidrelétrica, eólica, solar e biomassa.
O potencial, no entanto, é muito maior. Segundo Ferreira Júnior, só na eólica onshore, o potencial de geração chega a 400 GW. “Na solar, não é possível nem calcular”, diz.
De acordo com o CEO, a holding de geração, transmissão e distribuição está considerando todo esse potencial e planeja a instalação de usinas solares flutuantes nos reservatórios.
“Temos reservatórios, temos as linhas de transmissão instaladas e vamos aproveitar uma parte desse reservatório para colocar solar flutuante e criar as usinas do futuro, que são as usinas híbridas”, conta.
“Essa geração solar pode alimentar os processos de eletrólise e nós teremos o hidrogênio verde mais barato do mundo”, completa.
Atração de investimentos
“Boa parte da solução dos nossos problemas está ligada à capacidade de atrair investimentos”. Ferreira Júnior afirma que a privatização e restruturação da Eletrobras fez o valor da empresa saltar de R$ 9 bilhões em 2016 para R$ 105 bilhões hoje, e a capacidade de investimento está em mais de R$ 12 bi.
“Nós criamos uma corporação que vai ser, em cinco anos ou menos, a maior empresa de energia renovável do mundo”.
Hidrogênio no Amazonas
Subsidiária de Eletrobras, a Eletronorte anunciou no final de setembro a seleção de cinco propostas para o programa que vai destinar R$ 12 milhões ao financiamento de pesquisas de desenvolvimento na Usina Hidrelétrica de Balbina, localizada no estado do Amazonas.
Com apoio do Senai, os projetos de inovação industrial irão explorar o potencial amazonense na produção de hidrogênio verde, com foco na aplicação de energia solar.
Os selecionados irão aproveitar placas solares e recursos naturais da região para a produção do H2V, complementando o fornecimento hídrico da usina.
Inaugurada em 1989, a hidrelétrica de Balbina é uma das menos eficientes do Brasil em termos de área inundada para cada megawatt gerado — a barragem tem capacidade instalada de 250 megawatts e inunda uma área de 2.360 quilômetros quadrados. A hidrelétrica já foi responsável por 80% da energia gerada para Manaus e hoje cobre 17%.