Há menos de 15 dias oficialmente no cargo, o ministro da Fazenda Fernando Haddad já pode ter que adotar uma medida um tanto impopular: rever a desoneração dos combustíveis, adotada pelo governo de Bolsonaro em uma tentativa de controlar a inflação.
Nesta semana, Haddad deve anunciar um pacote de medidas econômicas que visam a melhora das contas públicas do governo Lula.
O ministro considerou adiar o calendário de anúncios devido aos atos antidemocráticos que aconteceram em Brasília no domingo (8). Mas Lula orientou que Haddad mantivesse o plano original para mostrar que o Governo Federal está trabalhando normalmente.
“Espera-se que as medidas possam gerar um impacto de até R$ 223 bilhões nas contas públicas, o que seria suficiente para manter a dívida bruta próximo de 76% do PIB até 2026, abrindo espaço para redução nos anos seguintes”, destaca Rafael Passos, sócio-analista da Ajax Capital.
Entre as medidas está a volta da cobrança dos tributos federais (PIS/Cofins e Cide) sobre a gasolina e etanol.
Os combustíveis devem voltar a ser onerados a partir de março – o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prorrogou a retomada dos impostos para 28 de fevereiro.
Por outro lado, o diesel, gás de cozinha, biodiesel e GLP devem permanecer sem a cobrança de impostos por mais um tempo.
De acordo com o Estadão, o problema é que a equipe econômica entende que alterações nesses combustíveis são mais delicadas. O diesel, por exemplo, pode gerar atrito com os caminhoneiros, que são apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Por isso, Lula prorrogou a retomada dos tributos até 31 de dezembro.
Pelos cálculos, só as reonerações de IPI e impostos sobre combustíveis totalizam algo ao redor de R$ 40 bilhões.