O diretor-geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis), Rodolfo Saboia, defendeu nesta quarta-feira (13) que não há contradição entre a aposta da transição energética e os leilões de novas áreas para exploração de petróleo no país.
Nesta quarta-feira, a agência oferece ao mercado mais de 600 blocos, sob protestos de organizações ambientalistas e com ações judiciais em série em andamento. Na porta do evento, ativistas e representantes de etnias indígenas fazem manifestação.
No discurso de abertura do evento, Saboia, argumentou que a transição energética global não ocorrerá de forma abrupta e não será barata. “É a primeira vez em que a mudança da fonte primária de energia não se dará por uma questão de competitividade, mas por um desafio ambiental”, afirmou.
O Brasil, defendeu, terá papel importante nesse cenário, pois tem um petróleo com menor pegada de carbono do que em outros países. Por isso, continuou, precisa de novos leilões para evitar o declínio da produção nacional.
“Se deixarmos de realizar eventos como esse, veremos o retorno da dependência externa”, prosseguiu, lembrando que em 2022 petróleo e seus derivados foram responsáveis por quase metade da balança comercial brasileira.
Saboia alegou também que a indústria do petróleo tem peso importante na economia brasileira ao gerar empregos e contribuir para os cofres públicos com royalties, que somaram R$ 118 bilhões em 2022. “Esse valor aproxima-se de todo o orçamento da pasta da educação.”
A receita do petróleo, afirmou “contribuirá inclusive para financiar a própria transição energética”. Os argumentos têm sido reforçados por empresas e associações do setor em um cenário de pressão cada vez maior por restrições à produção de combustíveis fósseis.
“[O leilão] pode parecer contradição com o momento em que vemos no mundo. A transição energética é uma realidade inexorável”, disse Saboia.
“Mas a contradição é apenas aparente, pois a eventual paralisação da produção de petróleo no Brasil não contribuiria para a redução de emissões, apenas nos tornaria mais pobres e mais dependentes de países produtores com pegada de carbono maior.”
O Instituto Arayara entrou com oito ações na Justiça para tentar suspender o leilão, mas até às 9h40 desta quarta ainda não havia obtido sucesso. O leilão foi iniciado com a oferta de um campo produtor na Bacia do Amazonas, vencido por consórcio formado pela Eneva e Atem.