Os preços médios de gasolina e diesel da Petrobras vendidos a distribuidoras no Brasil estão acima da paridade de importação, abrindo espaço para que a petroleira possa reduzir as cotações em suas refinarias, apontaram especialistas nesta segunda-feira (6).
Os prêmios de ambos os combustíveis da companhia ante preços globais aumentaram ao longo da última semana, após um recuo dos preços do petróleo no mercado internacional, diante de preocupações sobre taxas de juros mais altas nos EUA. O Brent teve queda de 7,8% na semana passada, enquanto o WTI recuou 7,9%. Nesta segunda, os valores da commodity subiram cerca de 1%.
O movimento ocorreu pouco mais de uma semana após a posse do novo presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, que vem defendendo o fim da aplicação da paridade de importação para a formação dos preços da petroleira, sem que se despreze indicadores internacionais como a cotação do Brent.
“O mercado internacional caiu bastante nos últimos dias e abriu espaço para quem sabe em breve termos algum reajuste da Petrobras para baixo”, disse à Reuters Pedro Shinzato, analista de petróleo e derivados da StoneX.
A StoneX calcula que a Petrobras teria que cortar em 16,8% o diesel e em 11,6% a gasolina para atingir a paridade média.
Shinzato e outros especialistas ponderaram, no entanto, que há fatores hoje que podem mudar esse cenário, como a entrada em vigor na véspera do embargo da União Europeia contra o diesel russo, que poderá apertar a oferta do combustível e elevar preços globalmente.
A decisão de quando e como reajustar preços nas refinarias, porém, é parte da estratégia da Petrobras e, por isso, não é possível antever. A estatal não costuma antecipar movimentos ou comentar preços de combustíveis, cujos reajustes são definidos pelo presidente da companhia e outros dois diretores, o de finanças e de comercialização.
Desde 2016, a petroleira vem seguindo a paridade de importação, que considera variáveis importantes como valores globais de referência do petróleo e o dólar. Mas o momento para realizar ajustes depende de outras variáveis comerciais, consideradas pela empresa.
“Realmente existem defasagens. No entanto, não é momento para fazer ajustes, uma vez que a expectativa é de aumento de preços no mercado internacional”, pontuou à Reuters o presidente executivo da Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de combustíveis), Sérgio Araujo, citando o embargo europeu ao diesel russo.
“O embargo iniciado neste final de semana deve provocar redução na oferta e com isto elevação do preço.”
Nos cálculos da Abicom, o diesel da Petrobras está 18% acima da paridade de importação, enquanto a gasolina está 10% acima.
Já o CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura) calcula que os preços do diesel da Petrobras está 14,14% acima da paridade, enquanto a gasolina está 8,86%.
Desde que tomou posse, Prates ainda não realizou reajustes nos combustíveis. Os outros executivos que decidem sobre preços são ainda da gestão anterior, que se pautou pela paridade de importação.
Prates já indicou um novo diretor de comercialização, além de outros quatro novos executivos para diretorias da empresa na nova gestão. Os nomes estão sendo avaliados por comitês de integridade da Petrobras. Mas não há, ainda, um indicado ocupar a diretoria financeira.