O aumento do limite da mistura de álcool à gasolina exigirá a produção extra de 1,5 bilhão de litros por ano, segundo previsão da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), entidade que representa as principais unidades produtoras de açúcar, etanol (álcool combustível) e bioeletricidade da região Centro-Sul do Brasil. De acordo com a Unica, os produtores poderão suprir essa nova demanda.
Evandro Gussi, presidente da entidade, diz que além dos 30 bilhões de litros produzidos atualmente, seriam necessários mais 1,5 bilhão de litros de etanol, caso o projeto de lei seja aprovado pelo Congresso. Ele garante que os produtores poderão suprir essa nova demanda.
— A elevação do limite representa 5% do total de etanol produzido hoje, o equivalente a 1,5 bilhão de litros. Temos certeza que o setor tem capacidade de entregar esse volume necessário para essa demanda, caso esse projeto seja aprovado. O setor tem histórico de oferta constante e segura — garantiu.
Pelo projeto de lei, os limites máximo e mínimo do teor de mistura de etanol e gasolina atualmente entre 18% e 27,5% subiriam para 22% e 30%. A fixação de percentuais superiores ao limite vigente, de 27,5% dependerá da constatação da viabilidade técnica.
Segundo o presidente da Unica, com aumento do limite proposto, a gasolina brasileira tende a apresentar melhor performance e ser mais sustentável, já que as emissões de poluentes diminuiriam. Ele não sabe estimar se o preço tende a cair para o consumidor, mas lembra que no passado a mistura de etanol à gasolina fez com que o brasileiro economizasse.
— Pela própria mistura, que faz com que no preço seja menor, e pela competição que existe entre etanol e gasolina — garante Gussi.
Frota flex
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) informa que para os carros flex, que funcionam a gasolina e álcool, não há prejuízo dos componentes já que eles estão calibrados para funcionar com qualuer percentual de mistura de álcool.
Em relação às emissões, não é possível saber se o aumento do percentual tem impacto porque não foram feitos teste com o teto de 30% de álcool anidro.
Já nos veículos exclusivamente a gasolina, a Anfavea explica que não é possível avaliar se há prejuízo aos componentes ou aumento de emissões porque não foram feitos testes com esse percentual. A Anfavea lembra, entretanto, que 90% da frota brasileira atual, estimada em 46,2 milhões de veículos, utiliza motores flex.
A Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis) considera positivo aumento da mistura do etanol, do ponto de vista ambiental.
— Mas temos preocupação com relação aos veículos cujos motores são movidos exclusivamente a gasolina, que não são flex. Este tema requer uma análise técnica mais aprofundada. Em relação ao impacto de preços, não teria base para avaliar, uma vez que os postos dependem dos custos do produto repassados pelas distribuidoras — declarou o presidente da entidade, James Thorp Neto.