A ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) planeja fiscalizar grandes consumidores de diesel B –produto da mistura do óleo diesel A, que sai das refinarias, e do biodiesel. A informação é do superintendente de Fiscalização do Abastecimento, Francisco Nelson Castro Neves, em entrevista ao Poder360.
Grandes consumidores são empresas que têm instalações com armazenamento superior a 15.000 metros cúbicos. Em geral, são donos de frotas de caminhões e ônibus, autorizados a armazenar o combustível para consumo próprio.
A fiscalização será em nível nacional. Segundo o chefe do núcleo regional de fiscalização do abastecimento da ANP, Ottomar Lustosa Mascarenhas, os 7 núcleos da agência vão agir de forma coordenada. Os funcionários de cada núcleo vão dar apoio à fiscalização, que deve começar por uma região do país, ainda não definida.
A agência quer checar se as queixas sobre a qualidade do diesel B estão relacionadas à forma de armazenamento do combustível.
Quando se discutia o aumento da mistura obrigatória de biodiesel no diesel, em fevereiro, a CNT (Confederação Nacional dos Transportes) publicou nota afirmando haver problemas de qualidade no biocombustível. A entidade disse que a mistura poderia causar “panes súbitas em ônibus e caminhões”.
Com base nas queixas da CNT e de outras entidades, a hipótese é de que, proporcionalmente, haveria mais irregularidades no combustível adquirido pelos grandes consumidores. A questão é se o combustível já apresenta problemas de qualidade no momento da aquisição ou se o armazenamento impróprio seria a causa das queixas.
“Em geral, o óleo diesel B é um produto que requer mais cuidado que os outros combustíveis. Ele é seco, [e por isso] absorve água. Se não houver drenagem do tanque, para tirar a água, forma-se uma película de bactérias que vai degradando o produto”, afirmou o chefe do núcleo do CPT (Centro de Pesquisas e Análises Tecnológicas) da ANP, Alex Medeiros.
Ele afirma que o diesel tem uma complexidade maior, o que dificultaria identificar a causa de eventuais danos em motores. “É por isso que nós estamos voltando uma etapa no PMQBio [Programa de Monitoramento da Qualidade do Biodiesel] para diminuir essa complexidade, queremos ter dados lá do início [da cadeia, na etapa de produção]”, disse Medeiros.
Segundo o chefe do núcleo do CPT, além dos grandes consumidores, a ANP vai coletar amostras de biodiesel e óleo diesel A nas usinas e nas bases de mistura para verificar se o produto está de acordo com as especificações da ANP.