A saída definitiva da Petrobrás do capital da BR Distribuidora, anunciada esta semana, é positiva para as duas companhias, segundo analistas do mercado financeiro. Mesmo com algumas ressalvas, especialmente pela pressão de curto prazo na ação da distribuidora de combustíveis, eles dizem ser um movimento importante porque confirma a intenção da estatal de diminuir sua alavancagem e se concentrar em exploração e produção de petróleo. Para a BR, tira de vez as amarras de uma participação do governo em suas decisões.
“A saída da Petrobrás do segmento de distribuição auxilia na redução do endividamento, o que deve beneficiar indicadores de alavancagem no curto prazo”, afirma Daniel Cobucci, analista do Banco do Brasil Investimentos (BB-BI). No entanto, ele faz algumas ressalvas sobre a operação. “No longo prazo, a saída do segmento concentra ainda mais o portfólio da Petrobrás nas dinâmicas de exploração e produção, sujeitas à volatilidade do petróleo”.
Para a BR, Cobucci projeta poucas mudanças, além de uma tendência de queda das ações no curto prazo, já que a Petrobrás pretende vender sua participação por meio de uma oferta pública (follow on). “A alienação do controle feita pela Petrobrás em 2019 já permitiu a implementação de estratégias mais adequadas ao contexto de uma empresa que passou a ser privada”, afirma.
Para o analista do Daycoval Investimentos, Enrico Cozzolino, a Petrobrás foi coerente ao fazer o movimento, que melhora a estrutura de alocação de capital. De acordo com ele, porém, a estatal foi em sentido contrário ao dos pares internacionais. “Muitas vezes, a empresa pode perder agilidade e eficiência em virtude do tamanho”, diz ele. “A direção no longo prazo foi acertada, ainda que ela abra mão de parte importante da receita do mercado de combustíveis, que tem maior valor agregado frente ao do petróleo cru. Mas assim ela consegue focar na exploração e isso pode gerar ganhos”, diz.
Alvaro Bandeira, sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais, também afirma que a saída do segmento de distribuição é incomum entre as petrolíferas globais. Ele entende, no entanto, que a Petrobrás precisa diminuir sua alavancagem e, para isso, é necessário vender ativos mais rentáveis. No caso da BR, a empresa “precisará se provar” na condição de empresa privada, inclusive recuperando mercados perdidos.
Em relação às carteiras recomendadas para a próxima semana, a Guide Investimentos fez três mudanças em sua lista, com as saídas de B3 ON, Cemig PN e Vale ON para as entradas de CSN ON, Itaú Unibanco PN e Petrobrás PN.
A XP Investimentos também trocou três ativos em sua lista, retirando Cemig PN, MRV ON e Via Varejo ON para as entradas de CCR ON, Lojas Americanas PN e M. Dias Branco ON.
A MyCap fez duas mudanças, trocando B3 ON e Banco Inter PN por Cyrela ON e PetroRio ON. O Daycoval trocou Itaúsa PN por Banco do Brasil ON. A Mirae Asset fez uma alteração, com a saída de Randon PN para a entrada de Banco Inter Unit. Por fim, a Terra Investimentos retirou da sua carteira BR Distribuidora ON para a entrada de MRV ON.
Fonte: https://www.portosenavios.com.br/noticias/geral/top-picks-saida-da-petrobras-da-br-distribuidora-e-positiva-mas-ha-ressalvas