Se vingar queda na mistura de biocombustíveis nos EUA, perderão os grãos, o etanol brasileiro e a pressão global

Desde sexta-feira paira nos bastidores do governo dos Estados Unidos, e já relatado pela Reuters, uma possível volta atrás na sua política energética e cedendo, como o governo Trump tentou, às petroleiras. A possibilidade de diminuição nas misturas de etanol à gasolina e de biodiesel ao diesel está sendo levada a sério.

Parte do golpe nas cotações da soja e do milho, nesta segunda (14), é atribuída a esse fato. Mais grãos sobrarão no mercado, sendo que o primeiro vai para o biodiesel, enquanto do outro se extrai o etanol anidro.

Mas, se o retrocesso de Joe Biden for real, vai sobrar para o etanol brasileiro. As destilarias, que venderão menos às distribuidoras e aos postos – lá também a mistura pode ser feita pelo consumidor, em alguns estados – acabarão desembarcando o excedente no Brasil. Mesmo com tarifa de importação em 20%, após o encerramento da cota em dezembro último livre de 187,5 mil m3, ainda poderia ser vantajoso no Nordeste na competição com o etanol de cana-de-açúcar.

As razões atribuídas seriam para diminuir a pressão sobre os estoques dos EUA, mas por trás está sempre o lobby petroleiro. As refinarias que não querem investir em melhorias ou estão mais distantes de centros produtores das matérias-primas renováveis; as petrolíferas, que querem vender mais com o espaço deixado por menos biocombustíveis.

Respectivamente, os mandatos são de 20% e de 15% de mistura ao diesel e à gasolina. Em 2020, a soma dos dois biocombustíveis representaram 76,1 milhões de m3, em ano de baixo consumo pela crise da pandemia.

Pior será o exemplo. No contexto da defesa ambiental que o então candidato Democrata fez em oposição à agenda de Donald Trump, o prejuízo pode se espalhar para países que enfrentam pouco entusiasmo de seus governantes em relação aos efeitos da poluição. Ou que estão sempre sujeitos às mudanças de regras na legislação de limites no blend do biodiesel.

O Brasil se enquadra nos dois casos.

O poder de influência e de pressão dos Estados Unidos, que foi fortalecido na Cúpula dos Líderes do Clima, em abril, pode chegar mais esvaziado na COP 26 (Conferência das Partes), marcada para novembro, que marcará regras de globais para controle de emissões.

O mundo não terá um país de peso considerando sanções contra outros ou mesmo influenciando outros pares por aí afora.

 

 

Fonte: https://www.moneytimes.com.br/se-vingar-queda-na-mistura-de-biocombustiveis-nos-eua-perderao-os-graos-no-etanol-brasileiro-e-o-exemplo-global/

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