Pouca procura e baixa no petróleo: entenda o que levou à queda no preço da gasolina

Coronavírus é apontado como o principal “culpado” na queda do valor do produto na Grande Florianópolis; litro da gasolina chegou a R$ 3,19 nesta sexta.

 

“Nenhum posto de combustível voltou ou voltará esse ano nas condições que tínhamos antes da pandemia. Será outro mundo, outra história”. Essa é a previsão do vice-presidente do Sindópolis (Sindicato do Comércio Varejista Combustíveis Minerais de Florianópolis), Joel Fernandes.

Antes batendo próximo a casa dos R$ 5, o preço da gasolina despencou e hoje é encontrado na faixa dos R$ 3,60 na Grande Florianópolis. A reportagem do nd+ entrou em contato com especialistas da área para entender como funciona essa “dinâmica” do preço do combustível na região.

 

 

Conforme Fernandes, a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) é a principal responsável pela queda no preço. Sobram produtos na produção e a população “não consome o suficiente”.

Para o economista Maurício Mulinari, existem dois fatores que contribuem para a queda no valor. A queda na demanda do combustível (está sendo menos procurado), além da queda do preço do petróleo no mercado mundial.

Apesar da alta do dólar, fator que contribuiria para um aumento no preço, o especialista afirma que a queda do insumo é maior que a desvalorização da moeda. “Muitas pessoas estão em casa fazendo home office. A paralisação na rodagem de veículos derruba a demanda”, explica Mulinari.

De onde vem a gasolina utilizada nos postos de SC

No Brasil existe apenas um produtor nacional de gasolina, a Petrobrás. O preço, então, tende a ser único. Em Santa Catarina, o produto sai da Petrobrás e é abastecido, prioritariamente nas bases em Itajaí, Biguaçu, Lages e outras pequenas como em Rio do Sul. Todo o produto sai dessa “base”.

“O produto da Petrobrás custa cerca de R$ 1,05. A gasolina sai da refinaria e vai para as bases, chegando a R$ 1,25 em função do transporte. Acrescentando os impostos o produto fica na faixa de R$ 2,80. Por isso que a gasolina chega nos postos na faixa de R$ 3,15 para bandeirados e R$ 3,05 para não bandeirados”, explica Fernandes.

O preço médio da gasolina na Grande Florianópolis é menor que a média nacional (cerca de R$ 3,90 contra R$ 3,60).

Média na Grande Florianópolis

A reportagem do nd+ entrou em contato com alguns postos de combustível na Grande Florianópolis. A região continental se mostrou com preços mais acessíveis ao consumidor. Em Santo Amaro da Imperatriz, por exemplo, foi possível encontrar gasolina à R$ 3,19 o litro. Confira:

Florianópolis:

  • Posto 1 (Ingleses): R$ 3,79
  • Posto 2 (Costeira do Pirajubaé): R$ 3,66
  • Posto 3 (Centro): R$ 3,78
  • Posto 4 (Coqueiros): R$ 3,66

São José:

  • Posto 1 (Barreiros): R$ 3,66
  • Posto 2 (Kobrasol): R$ 3,64

Palhoça:

  • Posto 1 (Ponte do Imaruim): R$ 3,69

Biguaçu:

  • Posto 1 (Centro): R$ 3,76

Santo Amaro da Imperatriz:

  • Posto 1 (Nossa Sra. de Lourdes): R$ 3,19

* Preço da gasolina comum em 8/5.

Fatores que indicam queda

Há duas semanas os contratos futuros do petróleo nos Estados Unidos foram negociados em valores negativos pela primeira vez na história. Com o primeiro vencimento terminando o dia a US$ 37,63 negativos.

Ou seja, os preços negativos do petróleo no país norte-americano significam que os vendedores têm que pagar os compradores para que estes recebam os contratos futuros.

Nesta quinta-feira (7), pela primeira vez após três semanas, o litro da gasolina foi vendido pelas refinarias da Petrobrás acima do patamar de R$ 1, chegando a R$ 1,02. O preço do produto teve aumento de 12%, porém, ainda acumula cerca de 50% de queda no ano.

Postos de combustível tem prejuízo milionário

Fernandes explica que os postos de combustível na Grande Florianópolis sofreram uma queda de 70 a 80% no movimento diário. Após a flexibilização do governo, o movimento subiu, mas, em sentido de queda, segue na faixa dos 50% do considerado normal.

 

Apenas os postos de combustível da região contabilizam um prejuízo de mais de R$ 10 milhões desde o final de fevereiro e início de março. Em Santo Amaro da Imperatriz, segundo Fernandes, foi possível encontrar gasolina a incríveis R$ 2,90.

“É desespero de causa, muitos postos estão com problemas financeiros e, infelizmente, vai agravar”, lamenta Fernandes sobre o preço tão baixo.

“As distribuidoras vendem o produto na faixa de R$ 3,15 o litro. Se ela vende a esse preço, e você precisa ter uma rentabilidade, não tem como vender a R$ 3,40, por exemplo. O ideal é ficar na faixa de R$ 3,69 a R$ 3,79”, explica.

Para o especialista, até o fim do ano, a tendência é que o preço do combustível na região da Grande Florianópolis siga nessa mesma faixa de preço, sem quedas ou aumentos agravantes.

Posto em São José manteve funcionários

Apesar da grave crise econômica, um posto de combustível, no bairro Forquilhinhas, em São José, manteve a rotina de funcionários integralmente.

O proprietário, Rujani Ladislau, e a gerente, Elise Fraga, afirmam que, apesar da queda nos lucros, o posto não prevê a demissão de funcionários e, no momento, uma redução na jornada de trabalho. O local funciona de segunda a sábado das 6h às 22h, e no domingo das 8h às 22h.

Ladislau celebrou o aumento no movimento do local nas últimas semanas. “Aumentou cerca de 80% comparado ao início da pandemia. Ainda não é o ideal, mas ajuda e muito”, celebra.

O local vende o litro da gasolina comum a R$ 3,59. O preço atrativo acaba sendo bom para o consumidor, mas preocupa as finanças do local. “Quando baixa o preço do insumo, o orçamento consequentemente cai. A despesa fixa, no entanto, continua”, explica o proprietário.

Em um posto conhecido pelas habituais longas filas na Avenida Mauro Ramos, no Centro da Capital, foi possível observar um movimento menor na tarde desta sexta-feira (8). O cenário era parecido nos demais postos ao longo da avenida e na região continental da cidade no bairro Estreito.

 

Fonte: https://ndmais.com.br/noticias/pouca-procura-e-baixa-no-petroleo-entenda-o-que-levou-a-queda-no-preco-da-gasolina/amp/

 

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