Postos de gasolina de bandeiras reconhecidas oferecem descontos para quem pagar pela gasolina em aplicativos próprios há algum tempo. O problema é que essa prática tem enganado muita gente, que não se atenta para esse “detalhe” e acaba pagando o preço da bomba em vez de ter o desconto prometido.
A prática é bastante comum nas grandes capitais e tem como foco atrair o cliente. Com o preço médio do litro da gasolina na faixa dos R$ 7,00, muitos se sentem atraídos por uma placa com o custo de R$ 5,39 ou inferior. Já não basta pagar o absurdo preço da gasolina, o consumidor brasileiro ainda precisa baixar apps e se ligar antes de mandar completar o tanque.
O problema é que as placas com o desconto estão quase sempre à frente das que trazem o preço real — em alguns estabelecimentos, os preços da bomba nem são mencionados. Nenhuma das propagandas analisadas deixa de mencionar o programa de vantagens e até trazem links para download do app, mas isso pode não ser visível quando se está em um carro a 60 km/h em avenidas.
Como se já não bastasse a estratégia, alguns frentistas não mencionam a promoção antes do abastecimento, logo muita gente fica com apenas duas opções: mandar retirar o combustível (trabalhoso e demorado) ou pagar o valor cheio. Se você está atrasado para o trabalho ou tem algum compromisso, qual das soluções optaria?
Apps que dão desconto
Em geral, os aplicativos de empresas de combustíveis funcionam como “programas de vantagens” com o acúmulo de pontos. Cada vez que o consumidor abastece, soma uma quantidade que pode ser trocada por brindes, produtos ou descontos no preço final da gasolina, etanol e diesel.
Estes são os três principais aplicativos das empresas de combustíveis do país:
- Abastece-ai Posto Ipiranga (Android | iOS)
- Petrobras Premmia (Android | iOS)
- Shell Box (Android | iOS)
Polêmica em vários locais
O Código de Defesa do Consumidor, em seu artigo 6º, ressalta ser direito do consumidor a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva. Cabe aos órgãos de defesa analisarem a propaganda agressiva, com preços em letras garrafais e menções à aplicativos em fontes pequenas, e autuar quem descumpre as normas.
No Distrito Federal, o Instituto de Defesa do Consumidor (Procon-DF) e a Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor (Prodecon) do Ministério Público proibiram a prática em 2020. Os órgãos estabelecem que os descontos oferecidos por meio desses programas devem aparecer em segundo plano, com destaque menor do que o preço aplicado na bomba.
Esses preços menores são obtidos por meio de cashback, programas de pontos que retornam como recompensa para o consumidor. Usar isso como um chamariz para o público seria errado, na visão do Ministério Público do DF, porque é aplicável somente a quem já abasteceu antes.
Desde julho passado, 70 postos de combustíveis já foram autuados em Brasília por desfavorecer o valor real e anunciar em destaque o preço do combustível para pagamento exclusivo por aplicativo. Não há dados ao nível nacional que revele essa prática.
Agora, essa prática parece ter se estendido para outras localidades, inclusive cidades de pequeno e médio porte. Resta saber se as autoridades nacionais vão deixar nas mãos de cada município resolver esse problema ou se tomarão alguma medida para coibir os abusos.