Resultado da estatal foi influenciado pela reavaliação de preços de ativos com o novo patamar da cotação do petróleo. No mesmo período do ano passado, companhia registrou lucro de R$ 4 bilhões.
A Petrobras informou nesta quinta-feira (14) que registrou prejuízo de R$ 48,523 bilhões no primeiro trimestre deste ano. O resultado foi influenciado pela revisão de preços dos ativos da estatal afetados pelo impacto da crise do coronavírus. No mesmo período de 2019, a companhia teve lucro de R$ 4 bilhões.
A última vez que a estatal registrou prejuízo foi no terceiro trimestre de 2017. No ano passado, a companhia registrou lucro líquido de R$ 40,1 bilhões em 2019, o maior da história.
No primeiro trimestre, as despesas operacionais subiram 243% em relação aos últimos três meses do ano passado, com o reconhecimento de R$ 65,3 bilhões em impairments, ou seja, com a reavaliação do valor dos ativos.
Os ativos que tiveram seus valores corrigidos são campos de petróleo em águas rasas e profundas, cuja decisão de investimento tinha como base expectativas mais otimistas para o preço do petróleo no longo prazo. Com a crise provocada pelo coronavírus, a companhia a estatal mudou a projeção de preço de longo prazo para o barril do tipo Brent de US$ 65 para US$ 50.
A companhia reavaliou os seguinte ativos:
- R$ 57,619 bilhões em campos produtores;
- R$ 6,625 bilhões em campos águas rasas;
- R$ 1,057 bilhão de outros ativos
“As mudanças de comportamento gestadas durante a fase de distanciamento social e a continuação de estímulos governamentais à substituição dos combustíveis fosseis são outros fatores que nos levam a ter uma visão mais cautelosa sobre a evolução dos preços do petróleo ao longo dos próximos anos”, escreveu o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, em mensagem aos acionistas.
Sem os efeitos do impairment, a companhia teria registado um prejuízo de R$ 4,6 bilhões no primeiro trimestre.
Receita em queda
Com a queda do valor do petróleo e menor volume de venda de derivados no mercado interno, a receita líquida da estatal caiu 7,7% no primeiro trimestre, para R$ 75,469 bilhões em relação ao quarto trimestre de 2019. A demanda por diesel e gasolina foi afetada pelos impactos das medidas de isolamento social implementadas para conter o avanço do doença a partir do mês de março.
Houve também uma contribuição sazonal, já que o quarto trimestre apresenta maior atividade industrial e temperaturas menores, favorecendo o consumo de diesel, gasolina e GLP.
Por outro lado, houve um aumento significativo no volume exportado, principalmente de petróleo, com recordes registrados em janeiro e fevereiro, meses em que a queda do Brent ainda não era tão acentuada quando comparada a março. As receitas com exportação subiram 10,5%.
Dívida e investimentos
A dívida bruta da estatal chegou a R$ 346,764 bilhões no primeiro trimestre de 2020, aumento de 13% em relação a igual período de 2019. Contra o último trimestre de 2019, a expansão foi de 36%.
Já o endividamento líquido somou R$ 380,186 bilhões, alta de 2% na comparação anual e crescimento de 19,6% em relação aos últimos três meses de 2019.
No primeiro trimestre, os investimentos chegaram a US$ 2,4 bilhões, queda de 23% em relação ao quarto trimestre de 2019 e 6,1% maior na comparação anual.
Os investimentos se dividem em:
- US$ 2,1 bilhões em exploração e produção
- US$ 1 bilhão em produção em águas ultra-profundas do pólo pré-sal da Bacia de Santos
- US$ 200 milhões em exploração pré e pós-sal
- US$ 100 milhões em novos projetos em águas profundas.
- US$ 200 milhões em refino
- US$ 100 milhões em gás e energia
Produção
No primeiro trimestre, a produção total de petróleo, LGN e gás natural da estatal somou 2,909 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed), alta de 14,6% ante o mesmo período do ano passado.