Nova gasolina brasileira: o que vai mudar para o consumidor?

Como estabelecimento de uma densidade mínima, a principal vantagem para consumidor será a maior dificuldade na adulteração do combustível

 

Entra em vigor no próximo dia 3 de agosto a resolução da ANP para uma nova gasolina em todo o Brasil, com novas exigências para torná-la ainda melhor. São três itens que a agência que regula o combustível no Brasil resolveu estabelecer novas exigências: o densidade, octanagem e ponto de vaporização.

Entre as três novas exigências da ANP para a nova gasolina brasileira, a mais importante para o motorista é a que estabelece densidade mínima de 715 kg/m³. Em outras palavras, é quanto deve pesar um litro de gasolina: 715 gramas.

Densidade mínima: para quê serve?

Ainda não havia um padrão estabelecido para a densidade, ou massa específica (ME), fundamental para o bom funcionamento do motor. Pois, quanto menor a densidade, maior o consumo.

O problema é que a maioria dos solventes utilizados para se adulterar a gasolina tem peso (densidade) inferior. Então, a exigência de densidade mínima vai complicar a vida de quem “batiza” a gasolina com solventes,  garantindo portanto um padrão de qualidade também no posto.

Nova gasolina no Brasil vai ficar mais eficiente e mais cara

Quanto mais densidade, mais eficiência, menos consumo. A gasolina mais densa tem mais energia disponível para ser convertida no momento da combustão, e isso fará com que os veículos sejam capazes de circular mais com menos combustível.

A nova gasolina demanda um custo maior de produção e tem maior valor no mercado internacional então ficará mais cara. Por outro lado, a expectativa é que o consumo dos carros com ela seja de 4% a 6% menor.

Os carros vão ficar mais potentes com a nova gasolina?

A octanagem da nova gasolina no Brasil é outro ponto de mudança. O que é octanagem? É a capacidade que a gasolina tem de resistir a compressão dentro do motor. Depois que a gasolina entra vaporizada, o pistão comprime e aí vem a faísca na vela e explode; isso é que faz o carro andar.

Hoje, a octanagem é de IAD 87: esse IAD 87 é um valor médio entre dois sistemas de medição; MON e RON. O IAD é usado em alguns países, EUA e Brasil entre eles. Na Europa, a octanagem é definida pelo RON. Se ela é 80 MON e 90 RON, então é IAD 85, por exemplo.

A diferença entre as duas medições é que a octanagem MON mede a resistência à detonação em uma rotação mais alta, e a octanagem RON mede o mesmo parâmetro em rotações mais baixas.

A octanagem da nossa gasolina comum/aditivada é IAD 87. Da gasolina premium (BR Podium, por exemplo), IAD 95. A partir de 3 de agosto, a octanagem não muda na nova gasolina no Brasil, mas terá a classificação RON 92 (=IAD 87) e a premium será RON 97.

Além disso, a ANP estabeleceu, para valer a partir de janeiro de 2022, octanagem um pouco maior, RON 93, para a comum/aditivada.

Muita gente achou que IAD 87 para 92 RON é uma grande conquista, mas não é. É praticamente a mesma coisa. Os carros mais novos e com taxa de compressão elevada poderão se beneficiar com um combustível com maior octanagem. Por outro lado, uma octanagem baixa pode provocar a “batida de pino” em qualquer motor.

Carro em abastecimento

 

Ponto de vaporização: o que é e para quê serve?

Outra novidade nas especificações da nova gasolina brasileira é o estabelecimento de uma faixa com limite máximo e mínimo de temperatura para uma evaporação de 50% da gasolina, parâmetro que é chamado de destilação e mede a volatilidade do combustível.

Antes, a ANP regulava apenas o limite máximo. A doutora em química e especialista em regulação da ANP Ednéia Caliman explica que um perfil adequado de destilação gera melhora na qualidade da combustão em ponto morto, na dirigibilidade, no tempo de resposta na partida a frio e no aquecimento adequado.

Além disso, a volatilidade da gasolina pode até resultar em bloqueio nos dutos de combustível, provocado pela formação de bolhas (vapor lock).

Motor vai precisar ser ajustado à nova gasolina?

Os motores não vão precisar passar por qualquer ajuste para consumir a nova gasolina brasileira.

Como fiscalizar a venda da nova gasolina brasileira?

Mas, como será possível ao motorista conferir – no posto – se a nova exigência será cumprida? Simplesmente mergulhando na gasolina um densímetro calibrado entre 700 e 750 gramas por litro: se indicar valor abaixo de 715, é prova de combustível adulterado. Todos os postos deverão disponibilizar o medidor para testar a densidade da gasolina a pedido do consumidor.

Atenção: a ANP deu um prazo de até 90 dias para se esgotar toda a gasolina velha no Brasil. Então, nós vamos ter durante esses 90 dias uma mistura da nova gasolina brasileira com a velha. Mas preste atenção! Você não tem mais condições de comprar da velha daqui a 90 dias, só terá da nova.

Como denunciar irregularidades?

A partir de 1º de novembro de 2020, a nova gasolina deverá ser a única vendida nos postos do país. Caso o posto não esteja cumprindo o prazo, o consumidor poderá fazer uma denúnica na ANP pelo telefone 0800-970-0267 ou pela página na internet do Fale Conosco da agência.

O posto também pode ser denunciado caso se recuse a fazer o teste, também deve ser denunciado.

 

 

Fonte: https://autopapo.uol.com.br/noticia/nova-gasolina-o-que-vai-mudar/?utm_medium=PortalPush&utm_source=OneSignalPushNotification&utm_campaign=PushNotification_nova-gasolina-o-que-vai-mudar

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