Ministério Público marcou reunião com representantes das redes para questionar diferença entre os valores aplicados aqui e em outras cidades.
Os preços cobrados nos postos de combustíveis pelo litro da gasolina em Santa Cruz voltaram a ser tema de debate nesta semana. O Ministério Público convocou uma reunião com os representantes das redes que atuam no município para discutir a situação, que incomoda moradores e já é alvo do MP há tempos.
A intenção do encontro é buscar detalhes sobre as diferenças nos valores praticados em Santa Cruz e nas outras cidades onde os grupos também atuam. O promotor de Defesa Comunitária, Érico Barin, adiantou que municípios até mais distantes das refinarias possuem gasolina mais barata que em Santa Cruz.
“Pela primeira vez temos uma clareza maior de que estamos no limite de uma prática abusiva e passaremos a atuar forte nesta linha. Teremos uma reunião na promotoria, já agendada, com os proprietários das redes, porque há um sinal muito claro do que acontece: a mesma rede cobra um preço em Santa Cruz e outro valor significativamente inferior em Venâncio Aires e Lajeado”, exemplificou.
“Os proprietários dos postos de Santa Cruz estão desafiando o consumidor, em uma verdadeira ‘queda de braço’. Eles majoraram as margens de lucro nos últimos tempos e apenas isto explica termos hoje a gasolina em um dos patamares mais altos do Rio Grande do Sul”, disse o promotor.
De acordo com Barin, a elevada margem de lucro praticada em Santa Cruz traz indícios de preços abusivos. Segundo ele, um levantamento rápido no último fim de semana mostrou preços mais baixos em locais tão ou mais distantes das refinarias: em Santa Cruz, o menor preço era de R$ 4,66; Venâncio Aires, R$ 4,30; Lajeado e Estrela, R$ 4,26; região de Candelária e Cachoeira do Sul, R$ 4,49; região de Santa Maria, R$ 4,40; região de Santo Ângelo e Ijuí, R$ 4,45.
Ele destacou que as últimas regiões citadas, de Santa Maria, Santo Ângelo e Ijuí têm uma distância muito maior do que Santa Cruz das refinarias e, portanto, a justificativa da dificuldade logística cairia por terra. “Nós temos dados objetivos de que o que existe hoje em Santa Cruz do Sul são as maiores margens de lucro e, insisto, apenas em relação a regras de mercado”, comentou o promotor à Rádio Gazeta.
Outro ponto questionado pelo Ministério Público é a baixa adesão ao sistema de acompanhamento dos preços dos combustíveis, realizado pelo Procon de Santa Cruz. Dos 43 postos que funcionam no município, apenas 22 repassaram os dados na última sexta-feira. O promotor chegou a recomendar que os consumidores optem por não abastecer no município ou para que utilizem aplicativos que fazem o valor da gasolina ficar mais baixo.