Por razões ambientais, possíveis mudanças na legislação e queda de preço, carros elétricos devem ganhar o espaço dos carros a combustível.
No dia do petróleo, comemorado nesta terça-feira (29), é bom lembrar que esse recurso natural não-renovável deve gradualmente ocupar menor espaço nas nossas vidas. Principalmente pelo seu caráter poluente, pelo avanço dos estudos e maior disponibilidade de energias limpas.
Dos tanques do carro é provável que ele deve desapareça. Especialistas estimam que dentro de dez anos, com a queda dos preços e a melhora das baterias, a realidade dos brasileiros serão os carros elétricos.
“A indústria do petróleo não é limpa. São combustíveis de origem fóssil, não-renováveis, e isso por si só é maléfico pro meio ambiente” explica Alexandre Magno de Paula Dias, do departamento de Engenharia do Petróleo da Udesc (Universidade do Estado de Santa Catarina).
Usado com abundância a partir no final do século XIX, principalmente com os motores movimentos a gasolina, o petróleo chegou a representar quase metade de todo o consumo de energia mundial durante a década de 70.
Poluição
Com o avanço do conhecimento sobre o aquecimento global, soubemos que queima dos combustíveis fósseis, como o petróleo, libera substâncias que impactam negativam o meio ambiente. Como o dióxido de carbono, que contribui para o aquecimento global, e o dióxido de enxofre, que contribuí com as chuvas ácidas.
Formado com matérias-primas de dezenas de milhões de anos atrás, o petróleo também é finito. Hoje muitas indústrias já possuem plano para o funcionamento após o seu fim. “Quando perceberem que o petróleo vai degringolar, as empresas vão buscar alternativas” explica Magno.
Energias renováveis
A saída se encontra no uso de fontes de energia renováveis, como o sol, vento, rios, biomassa, entre outros. “Elas tiram a dependência de combustíveis fosseis, evitam, o aquecimento e podem ser aplicadas ao redor do mundo” detalha professora Caroline Rodrigues Vaz, professora do Departamento de Engenharia Têxtil da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).
Desde o início dos anos 2000 a energia renovável está em franca expansão no país. Principalmente através das hidrelétricas e da energia eólica. Hoje 83% das fontes de energia no Brasil são renováveis, segundo dados divulgados em janeiro deste ano pela Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia.
A participação maior é liderada pelas hidrelétricas (63,8%), gerada pelo aproveitamento das águas de rios, por meio de usinas hidrelétricas e que dependem exclusivamente do volume de chuvas ou dos reservatórios.
A energia eólica, obtida a partir do vento por meio de aerogeradores, corresponde a 9,3%. Elas são seguidas por biomassa e pelo biogás (8,9%), oriundas da cana-de-açúcar e da quebra biológica de material orgânico na ausência de oxigênio, respectivamente.
Apesar de surgirem casas e fazendas alimentadas por energia solar, ela ainda conta com uma participação mais tímida (1,4%). Parte disso ainda está nos altos custos de instalação dos painéis voltaicos, que captam a radiação.
Carros movidos a combustível são proibidos ao redor do mundo
Além do incentivo as energias renováveis, há também a redução de uso dos combustíveis fósseis. Em meio ao cenário de incêndios que atingira a Califórnia (EUA) nas últimas semanas, o governador Gavin Newsom assinou no último dia 23 uma ordem executiva que alterará profundamente o mercado de automóveis do Estado.
De acordo com a ordem, a partir de 2035 está proibido a produção de carros movido a combustível (como petróleo e diesel) – apenas carros elétricos poderão ser fabricados.
A medida também foi adotada, anteriormente, por outros governos. Um exemplo é a capital Amsterdã, na Holanda, que para conter a poluição, proibiu a venda de carros e motos movidos a gasolina e diesel a partir de 2030.
Proposta semelhante é discutida em solo brasileiro. Um projeto de lei, que atualmente tramita no Senado, prevê a partir de 1º de janeiro de 2030 a substituição dos combustíveis fósseis. Além disso, proíbe, a partir de 2040, a circulação desse automóveis.
Carros elétricos devem ter preço acessível em dez anos
Os carros elétricos se utilizariam das energias renováveis que são produzidas no país, garantindo energia limpa tanto na fonte como no veículo, explica o professor Mauricio Uriona Maldonado, do departamento e Engenharia de Produção e Sistemas da UFSC.
Junto a Vaz, ele pesquisa o desenvolvimento de energias renováveis em SC. Observando a queda nos preços desde os anos 70, Vaz e Maldonado acreditam que dentre dez a 15 anos o preço dos carros elétricos deva se equiparar aos dos carros comuns.
Entretanto hoje ele custam caro, vendidos, em média, entre R$ 155 mil e R$ 200 mil. Também não são produzidos no país, sendo necessária importação. O preço das baterias, outro fator, chega a custar 60% do valor do veículo, detalha Uriona.
“Ainda há muito debate qual seria o melhor material para as baterias e sobre a forma de descarte do produto, visto que ela pode durar até 20 anos” afirma Uriona.
Para uma realidade onde os carros elétricos substituiriam os movidos a combustível, também se torna necessário garantir a infraestrutura. Como a ampliação do número de eletropostos.