BR Distribuidora e Raízen cancelam contratos de compra de etanol junto às usinas de cana-de-açúcar

As principais distribuidoras de combustíveis do Brasil, a BR Distribuidora e a Raízen, começaram a cancelar contratos de compra de etanol junto às usinas de cana-de-açúcar por causa da forte queda da demanda nos postos, segundo fontes com conhecimento do assunto. As duas companhias estão alegando motivos de força maior. A BR Distribuidora e a Raizen, uma joint venture entre a anglo-holandesa Royal Dutch Shell e o conglomerado brasileiro de cana-de-açúcar e logística Cosan, enviaram uma carta aos seus fornecedores de etanol cancelando contratos de compra, segundo pessoas a par do assunto.

O cancelamento inclui tanto o etanol anidro, que é misturado com a gasolina, como o etanol hidratado, que é utilizado diretamente no motor dos carros. O que disseram oficialmente as companhias? A Raízen confirmou que declarou força maior, enquanto a BR Distribuidora não respondeu imediatamente ao pedido de comentário feito pela Bloomberg News.

O que mais se sabe sobre os cancelamentos? A Raízen disse que não tem capacidade suficiente para armazenar etanol de terceiros em meio à queda no consumo de combustível. A empresa é o maior produtor de etanol do Brasil e, como a maioria das usinas de cana-de-açúcar, tem capacidade própria de estoque. Como as usinas estão reagindo? Produtores de etanol não aceitam o motivo de força maior alegado pelos distribuidores e estão abrindo a possibilidade de negociação, disseram as fontes. Se isso não resolver o problema, pode-se abrir uma disputa com um juiz de arbitragem para decidir o assunto.

O quanto caiu o consumo de combustíveis? O consumo de combustíveis nos postos caiu 50% em uma semana em média, uma vez que motoristas ficam em casa para medida de prevenção ao coronavírus, disse Paulo Miranda Soares, presidente de um grupo da indústria que representa postos de gasolina. Não é um dado oficial. A ANP disse em nota que a queda “abrupta” no consumo de gasolina só piorará nas próximas semanas. As usinas que processam a cana não podem reduzir a produção de etanol? A maioria das usinas no Brasil já iniciou a colheita e a moagem de cana-de-açúcar, enquanto em meados de abril ainda mais unidades entram em operação, elevando a oferta do combustível. Como a cana já está amadurecendo, as usinas não têm opção de interromper a colheita e a produção, disse uma fonte. Eles estão refazendo as contas e se preparando para estocar praticamente tudo o que devem produzir até pelo menos o mês de junho.

De acordo com a Unica (entidade que representa o setor sucroalcooleiro), as usinas do Centro-Sul, a maior região produtora de cana do país, têm capacidade suficiente para estocar 60% da produção anual total de etanol em tanques. O principal problema é o custo para manter esses grandes estoques em um momento em que, sem conseguir vender, as usinas não têm receita, disse Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da Unica. Esse é um problema que acontece só no Brasil? Não. A paralisação da economia por causa do coronavírus e o petróleo com preços baixos estão atingindo o setor de combustíveis em todo o mundo.

A Valero Energy, a empresa de refinaria de petróleo número 2 dos EUA, está fechando temporariamente duas plantas e não cumprirá alguns contratos. A Andersons está suspendendo as operações em suas fábricas, enquanto a Poet “cessou temporariamente as compras de milho em vários locais”. A Pacific Ethanol está reduzindo a produção em até 60%.

Fonte: https://www.caaraponews.com.br/noticia/112373/br-distribuidora-e-raizen-cancelam-contratos-de-compra-de-etanol-junto-as-usinas-de-cana-de-acucar

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