nvesting.com – Os otimistas do mercado de petróleo achavam que tinham conseguido mais do que sonhavam da Opep+: Nenhum barril de produção adicional em agosto.
Mas também existe o ditado: “Cuidado com o que você deseja”. E, nesta terça-feira, quem estava comprado quando os preços do petróleo atingiram as máximas de sete anos acabaram se perguntando se tinham sonhado demais.
O petróleo WTI, negociado em Nova York e referência para o mercado americano, apresentava queda de US$ 1,69, ou 2,2%, a US$ 73,47 dólares por barril por volta das 16h10 (horário de Brasília), encaminhando-se para a sua maior perda em três semanas. Mais cedo, o WTI disparava aos US$ 76,98, seu valor mais alto desde novembro de 2014.
O Brent, cotado em Londres e referência mundial de preço, caía US$ 2,53, ou 3,3%, para US$ 74,64. Mais cedo, o Brent atingira o valor mais alto desde outubro de 2018, a US$ 77,83.
Os preços do petróleo afundaram à medida que o entusiasmo inicial dos investidores quanto ao fracasso da Opep+ em chegar a um acordo sobre uma elevação da produção de agosto devido à discordância entre a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos se transformou em temores de que o embate entre os dois membros mais sêniores da aliança pudesse torpedear a unidade de anos nos cortes de produção.
A Opep+, que conta com 23 países – reunindo os 13 membros originais da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, liderados pelos sauditas, mais 10 aliados produtores, capitaneados pela Rússia – deveria ter concordado em uma elevação de pelo menos 400.000 barris por dia para o próximo mês.
Os preços do petróleo a princípio subiram quando isto não aconteceu, uma vez que qualquer aperto adicional no fornecimento de petróleo numa economia global em recuperação da pandemia do coronavírus foi visto como positivo.
Os sauditas propuseram que a Opep+ aumentasse a produção em etapas, até um aumento líquido de 2 milhões de barris diários entre agosto e dezembro. Eles também sugeriram a retenção da capacidade de produção total de todos os membros da Opep+ até o final do próximo ano, em vez de abril de 2022, sem um ajuste nos níveis de base da produção.
Os Emirados Árabes Unidos, no entanto, ficaram descontentes com a base a partir da qual foram calculados os seus cortes na produção, argumentando que o nível, definido no auge da pandemia do ano passado, era muito baixo. Abu Dhabi investiu bilhões de dólares desde então para aumentar a sua capacidade de produção e quer extrair mais para fazer jus a esse dinheiro.
“Todos sabem que a experiência da Opep+ não duraria para sempre, mas este movimento surpreendente dos EAU é apenas um posicionamento inteligente quanto aos seus interesses”, disse Ed Moya, chefe de pesquisa das Américas na corretora online OANDA. “Ainda não faz sentido para os Emirados Árabes abandonar o cartel, mas eles claramente estão se preparando para a eventual batalha por market share”.
A produção de petróleo dos EAU atingiu um recorde de mais de 4 milhões de barris por dia em abril do ano passado, durante uma breve guerra de oferta entre a Arábia Saudita e a Rússia. Antes disso, o país só havia extraído mais de 3,2 milhões de barris por dia durante um mês inteiro duas vezes — em novembro e dezembro de 2018.
Na verdade, sozinhos, os Emirados Árabes jamais serão capazes de produzir o suficiente para inundar o mercado de petróleo e afundar preços. Mas a contenda que colocaram contra os sauditas poderá encorajar outros membros da aliança a liberarem mais barris.
“Embora a decisão de manter a produção inalterada seja o que o acordo atual diz, ninguém deve acreditar que os membros da Opep+ não começarão a aumentar a produção”, disse Moya, da OANDA.