Ações da Petrobras caem 3% após alerta sobre petróleo

 

Enquanto a sessão da véspera foi de ganhos para os mercados, o pregão desta quarta-feira (15) foi de queda para os principais índices mundiais, que foram seguidos pelo Ibovespa em meio a dados ainda piores do que o esperado nos EUA.

Além disso, o preço do barril WTI, petróleo de referência nos Estados Unidos, registrou a menor cotação desde 2002, abaixo dos US$ 20, em meios a dúvidas do mercado de que o novo corte da produção anunciado pela Opep consiga aliviar a queda da demanda.

A Agência Internacional de Energia (AIE) apontou que a demanda global por petróleo deverá cair 9,3 milhões de barris por dia este ano, uma vez que o isolamento social implementado pelo governo mantém a economia quase paralisada. Com isso, as ações da Petrobras caem, mas amenizam as baixas em relação à abertura.

Seguindo também a maior aversão ao risco do mercado e com as dúvidas sobre como se dará a recuperação econômica, a Vale viu seus ativos caírem 3%. Hoje, os investidores repercutiram temores sobre a perspectiva econômica global após o Fundo Monetário Internacional (FMI) fazer previsões sombrias para este ano, em função do impacto da pandemia de coronavírus, que foram reforçados após os dados dos EUA.

O grande destaque, contudo, ficou para as ações da Oi, tanto a PN quanto a ON. Nesta data, os ativos tiveram a recomendação elevada pelo Credit Suisse. Os papéis ON chegaram a subir 30%, amenizando em seguida e fechando com alta de 10,91%. Contudo, vale destacar a baixa cotação dos ativos, com os papéis OIBR3 cotados em cerca de R$ 0,60. Assim, qualquer variação no valor acaba levando a um forte impacto percentual nas ações. Confira os destaques:

Petrobras (PETR3, R$ 16,62, -3,26%; PETR4, R$ 16,38, -2,09%)

Pelo menos 45 plataformas de produção de petróleo e gás natural instaladas em Estados do Nordeste e Sudeste vão ser desligadas neste mês. Em carta a sindicatos de petroleiros, a Petrobras informou a paralisação das unidades, o que vai significar demissões e remanejamento de pessoal.

As medidas, no entanto, contribuem pouco para a meta de corte de 200 mil barris por dia (bpd) anunciadas para enfrentar a crise. O esperado é que muitas plataformas ainda entrem em hibernação e que centenas de funcionários deixem a empresa nos próximos meses por falta de espaço para recolocação interna.

O corte de produção faz parte da série de medidas que estão sendo tomadas pela empresa para fazer frente à atual crise do petróleo, em que o barril baixou ao patamar dos US$ 20. Segundo a empresa, com essa cotação, muitos dos seus ativos passaram a ser inviáveis e, mais do que nunca, o foco da companhia passou a ser o pré-sal.

Nem mesmo a Bacia de Campos, que já respondeu por 80% do desempenho do País e onde ainda existem áreas gigantes em operação, está fora do radar de corte da diretoria da petroleira. Por enquanto, os cortes no litoral fluminense foram pequenos, mas especialistas e fontes internas da empresa dizem que a redução vai ser mais profunda no Rio de Janeiro, até que os 200 mil bpd sejam alcançados.

As 45 plataformas paralisadas até agora, instaladas em águas rasas, somam pouco mais de 10 mil bpd de produção, o equivalente a 5% da meta de corte. Na Bacia de Campos, foram paralisadas seis unidades que, juntas, somam produção de 5,4 mil barris por dia (bpd), segundo dados do boletim divulgado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Na bacia do Ceará-Piauí, mais nove vão ser desligadas em quatro campos, o que representa menos 2,4 mil bpd. Em número de plataformas, o Estado mais atingido foi o Rio Grande do Norte, com 24 unidades, que somam 2,4 mil bpd.

Os cortes nas três bacias – Campos, Ceará-Piauí e Potiguar – representam, portanto, 10,3 mil bpd de produção. Há ainda seis unidades de produção na Bacia de Sergipe-Alagoas, mas não há dados oficiais dos volumes produzidos por essas unidades. Ao todo, são extraídos 3,6 mil bpd na região.

Trabalhadores relatam ainda a parada de duas plataformas na Bacia de Campos, a P-43 e P-48, instaladas no campo de Barracuda, que somam 43,5 mil bpd. Mas a paralisação dessas unidades ainda não foi formalizada.

Na carta, a empresa oferece três opções aos empregados das unidades que vão ser temporariamente desligadas: a realocação interna de acordo com a necessidade da empresa, a adesão ao plano de demissão voluntária e o desligamento individualmente por acordo.

O questionamento dos sindicatos é sobre a capacidade da empresa de reter o grande número de funcionários que ficaram sem atividade, um volume de pessoas que tende a crescer ainda mais.

Sobre o setor de petróleo em geral, o Bradesco BBI analisou o relatório da Agência Internacional de Energia (AIE), o qual prevê uma queda de 29 milhões de barris diários de petróleo na demanda em abril. A AIE prevê alguma recuperação nos mercados do petróleo a partir de maio, mas os preços seguirão pressionados durante 2020 inteiro. O Bradesco BBI enfatizou que a sua visão sobre o mercado do petróleo é muito semelhante à da agência.

“A recuperação dos preços do petróleo será muito gradual. Em termos da projeção da demanda, o auge do impacto do Covid-19 deve durar um mês, com uma recuperação também muito gradual. Se o auge do impacto se estender, a recuperação da demanda também levará mais tempo”, avalia o BBI.

Antes da reunião da Opep+ em 9 de abril, o Bradesco BBI publicou um extenso relatório, no qual prevê três cenários para o petróleo: o positivo, o neutro e o negativo. No caso positivo, o impacto do coronavírus na produção e demanda dura um mês; no neutro, três meses; e no negativo, cinco meses. O BBI previu que a produção cairia em 25 milhões de barris diários já em abril, mais ou menos em linha com a AIE.

“A Opep precisará cortar a produção em 10 milhões de barris diários por 18 meses para que os preços comecem a se recuperar no segundo semestre de 2021, quando deverão subir para US$ 40 o barril”, projeta o BBI.

 

 

Fonte: https://www.infomoney.com.br/mercados/acoes-da-petrobras-caem-mais-de-4-apos-alerta-da-aie-sobre-petroleo-vale-tem-baixa-de-3/

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